terça-feira, 23 de março de 2010

Dream Theater, Citibank Hall, 20/3/2010

Confesso que minhas expectativas estavam baixas em relação ao show do Dream Theater aqui no Rio. Sou grande fã da banda, mas a proximidade do show histórico do Megadeth me deixava mais excitado do que a iminência do show do quinteto novaiorquino em minha cidade. Assim rumei até o Citibank Hall, na longínqua Curicica.
Um fila enorme me aguardava, o que me parecia totalmente desproporcional ao tamanho da banda. Convenhamos, Dream Theater não é Iron Maiden. A fila dava o tom da noite: calma, porém cheia. Em paz, mas excitada. Essa mesma fila gigantesca me fez perder os primeiros minutos do Bigelf, a banda de abertura.
Ao entrar na casa de shows, notei a platéia prestando atenção e de certa maneira até gostando do show. Não era para menos. Bons músicos, boas músicas e muita pegada. Por mais que fosse rock progressivo em essência. A atmosfera setentista estava lá nas roupas, nos intrumentos (baixo Rickenbaker, guitarra Gibson SG, bateria DW) e na atitude dos músicos. Meus ouvidos eram brindados com riffs legais, melodias bonitas e passagens mais pesadas. É como se a banda tentasse reinventar o rock progressivo de Yes, Camel e Genesis dos primórdios, e trouxesse ao encontro do stoner atual do Spiritual Beggars, Down e Black Label Society. Excelente mistura e excelente show. Mais um ponto para Mike Portnoy.
Por falar em Mike Portnoy, o Dream Theater entrou no palco sob meu olhar desconfiado, confesso de novo. Sou fã da banda, como disse, e gosto muito de todos os discos (em menor escala do “Falling into infinity”, obviamente). Mas já vi alguns shows chatos deles. Já vi James LaBrie cantando mal. Já vi o chato do Derek Sherinian fazer um solo de 20 minutos e estragar o que seria o melhor show da minha vida. Gato escaldado tem medo de água fria.
Mas fui gratamente surpreendido ao ouvir “A nightmare to remember”. Acho uma boa música, bem pesada. Mas ao vivo ela se transformou. Tornou-se épica, clássica. Todo o peso, toda a velocidade, os vocais podrões de Mike Portnoy, as passagens melódicas do refrão, tudo cresceu e me surpreendeu. Ali os caras me ganharam de novo. O que seguiu foi lindo de ouvir: “The mirror” e “Lie”, na sequencia, como no disco. Para minha absoluta surpresa, LaBrie largou a preguiça que o vinha caracterizando nos últimos anos e simplesmente detonou, especialmente em “Lie”. E eu, de cético, passei a fã de novo. Foi bom.
Veio “A rite of passage” e o solo de Jordan Rudess. Digo logo: não gosto de solos fora das músicas e essa sempre foi uma coisa que me incomodou. Porque não outra música ao invés de um solo? Mas tudo bem, o solo foi legal e teve algumas passagens interessantes, como o solo de iPod Touch e o bonequinho do telão que fazia as mesmas coisas que Rudess, e até fez um duelo com ele no final. Legal.
“Sacrificed sons” chegou com imagens emocionantes do 11 de setembro no telão e deixou a platéia emocionada. A mim também, gosto muito dessa música. “Solitary Shell” deu um ar mais leve ao show. E teve um final apoteótico, com Mike Portnoy batucando nas ferragens da bateria pelo lado de fora e tocando a introdução de “Where Eagles dare” do Maiden, no final da música. “In the name of god” talvez tenha sido a menos bem recebida pela galera, mas abriu alas pro clássico final: “Take the time”.
“Take the time” é minha música favorita do Dream Theater e eles nunca a haviam tocado aqui no Rio. Assim como em “Caught in a web”, que é tocada ao vivo de maneira diferente, eles apresentaram uma versão alternativa, sem uma estrofe inteira e com o final diferente. Não coincidentemente, a estrofe faltando é a parte mais alta da música. Possivelmente James Labrie não consiga mais cantar essa parte, mas eles talvez quisessem tocá-la mesmo assim, pois nunca a tinham tocado aqui no Rio. Foi estranho, mas eu estava tão empolgado que acabei gostando. Ainda rolou um pedaço de “Anthem” do Rush.
O bis trouxe “The count of Tuscany” e toda sua emoção e peso. Essa música já se tornou clássica para mim e pra muita gente que cantou a letra inteira. Sensacional.
A banda parecia feliz, com Rudess fazendo vídeos e usando uma camisa com o rosto de Portnoy estampado, Portnoy fazendo brincadeiras com a câmera, Petrucci e Portnoy fazendo caretas um para o outro. Myung, contido como sempre e LaBrie cantando muito bem, mas interagindo e agitando pouco, também como sempre.
Digo sem medo de errar que foi o melhor show do Dream Theater que eu já vi. Sem dúvidas, a night to remember.
Amigos, estou de volta. Na verdade, voltarei aqui para dar vazão à minha veia jornalística frustrada. O blog, por hora, não terá mais meus textos de ficção (vejam que eu não os chamei de "literários" hehehehe), mas sim resenhas de discos, shows e filmes. Tudo que eu gosto vou tentar colocar aqui. Quem sabe com o tempo eu volte a colocar meus outros textos, veremos... Por enquanto, vou mostrar a vcs meu gosto e coisas que formaram meu caráter. O que teremos aqui, será eu falando de arte. E começarei com um show que vi no sábado. Haverá mais. Seeya!

sábado, 6 de março de 2010

Amigos, nestes 3 meses muita coisa aconteceu. Me expus de forma visceral aqui pra vcs, mostrando meu textos e um pouco de mim. Mas este tempo acabou. O blog vai parar de ser atualizado. O que não quer dizer que eu vá parar de escrever! A resposta que tive de vcs, leitores, foi muito melhor do que eu poderia sonhar! Isso me dá ânimo e vontade de continuar. Provavelmente até o fim do ano eu tenha material suficiente pra lançar algo. Se for esse o caso, TODOS vcs que seguem o blog saberão.
Obrigado pelas críticas, sugestões, elogios e pela discussão dos textos em si. Isso é muito legal e eu vou sentir falta.
Seeya
TB