segunda-feira, 26 de abril de 2010

Megadeth, Credicard Hall, São Paulo - 24/04/2010

Eu preciso deixar algo bem claro, antes de falar do show: eu não gosto muito de Megadeth. Analisando friamente os discos, excetuando-se o Rust in Peace, acho todos meia-boca. Sem exceção. Não acho uma merda, só não acho no nível dos grandes álbuns de thrash/metal. Acho Dave Mustaine um grande babaca, um cara que perdeu a grande oportunidade de sua vida por ser um idiota, arrogante e burro. Eu fico imaginando o Metallica com ele e o Cliff ainda vivo... Talvez fosse algo como um “...and justice and Peace for all” em todos os discos...
Devaneios à parte, Dave Mustaine é um artista único. Criou quase sozinho o maior disco de heavy metal da história. Não tenho medo de dizer isso. Já tive. Hoje, depois de ver o show que eu vi, digo sem medo: Rust in Peace é o maior disco de heavy metal da história. Não extiste nada sobrando. Não falta nada. As letras são incríveis, os riffs nem se fala, os solos milimétricos... Pressão o tempo todo! Até o show de ontem, eu dividia esse posto de melhor disco com o Painkiller e o Powerslave, mas sua execução na íntegra me ganhou e dirimiu minhas dúvidas.
O som da casa de shows (Credicard Hall) estava uma porcaria. A casa é uma porcaria. Daqueles tipos antigos que a boca de cena é enorme, o teto muito alto e a pista pequena. Conclusão: embola o som todo! Não existem os famosos degraus pra galera de trás ver o show na boa, por isso todo mundo se amontoa na frente. O que favorece o empurra-empurra e as confusões. Apesar disso, as rodas rolaram sem nenhum incidente. Mas o público agitou pouco, ficando bem calmo até em porradas como “Take no prisioners” e “Rust in peace... Polaris”. É incrível, você lá vendo “Tornado of souls” e o pessoal calminho. Toca “A tout Le monde” e a galera vai ao delírio. Crianças...
O show de SP foi o maior da tournè até aqui. A banda ao vivo é muito boa, por mais que Chris Broderick e Shaw Drover não sejam Marty Friedman e Nick Menza. Sobre o set, pouco a dizer. Começou com uma intro que nada mais é do que “Black Sabbath” sem a parte vocal, seguida por duas do “Endgame”, “Dialectic chaos” e “This day we fight”, pra mim as duas melhores do disco. Seguiu com “In my darkest hour”, do “So far, so good… So what?”, “Sweating bullets” e “Skin o’ my teeth” do “Countdown to extinction”. Boas músicas, bem tocadas.
Aí veio o Rust in Peace na íntegra. Mustaine só disse: “Nós sabemos por que estamos aqui”, e começou “Holy wars... The punishment due”. O que aconteceu depois é inútil tentar explicar. Para mim, era eu ali, com 12 anos, ouvindo o disco pela primeira vez. Tentando entender o que era o riff inicial da “Take no prisioners”, me emocionando com o solo da “Tornado of souls”, cantando a letra da “Holy wars”, rindo com a risadinha de “Lucretia”, tentando entender o que Mustaine canta em “Poison was the cure”, me assustando com a letra de “Dawn patrol”, tentando tirar a introdução da “Five magics”, vendo a influência do Maiden em “Hangar 18” e ficando chateado ao ouvir “Rust in peace... Polaris” porque sabia que o disco ia acabar. Foi exatamente isso que senti ao ouvir a introdução da bateria. Eu sabia que o show ia acabar ali. E realmente acabou. O que veio depois, me perdoem, não chega aos pés do que eu tinha acabado de ver. São boas músicas, mas não fazem parte do melhor disco da história.
O público recebeu muito bem “Trust”, do “Cryptic writings”. Ouviu com atenção “The right to go insane” e “Headcrusher”, do Endgame, as outras melhores do disco novo. “She-wolf”, do “Cryptic writings” e “Symphony of destruction”, do “Countdown to extinction” terminaram o show antes do bis. Músicas muito bem escolhidas.
O final teve “A tout le monde” do “Youthanasia” e “Peace sells” do “Peace sells… but who’s buying?”, além da reprise de um pedaço de “Holy wars”. Confesso que se eles tocassem o disco de novo eu veria mais feliz ainda...